quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Retomando

Depois de muito tempo bateu uma saudade enorme de escrever alguma coisa. Bem, não estou com muita criatividade esses dias, minha vida tem se resumido a ir para a UFAM todos os dias de manhã e voltar bem tarde de lá pra entrar na net e ficar conversando até umas dez horas com minha namorada e depois dormir. Bem, pelo menos estamos chegando no tempo de férias né, namorada virá pra cá, eu irei para casa, e todos seremos felizes.
Estamos fechando os trabalhos na UFAM. Os artigos ficarão lindos pelo que estou vendo, trabalhamos muito duro para chegarmos a esse ponto e eu penso que o resultado será ainda melhor que o esperado.
Bem, falemos de coisas mais interessantes do que minha vida de laboratório. Deixe-me ver. Já sei, eu ando muito de ônibus aqui em Manaus, e me deparo todos os dias com situações interessantes dentro desse transporte de massa que me permite circular nessa cidade gigantesca e quente.
Outro dia, por exemplo, ainda na parada, um senhor sentou ao meu lado, parecia estar chorando e o seu filhinho todo bem arrumadinho estava segurando sua mão. O senhor conversando com outro que estava ao seu lado, disse que tinha acabado de fazer exame oftalmológico e não estava enxergando direito. A criança estava muito atenta e parecia realmente preocupada com o pai, e em nenhum momento ali na parada ele soltou da mão do senhor ou saiu de perto dele.
Aquilo me trouxe lembranças antigas, do tempo que eu saia com minha mãe. Da preocupação dela comigo não deixando eu soltar a mão dela. Andamos muito os dois aqui por Manaus, e eu penso quantas pessoas não viram a mesma cena que eu vi naquele dia e ficaram pensando as coisas que eu pensei. Perceberam, assim como eu naquele momento que o mundo ainda tem solução. Aquele gesto de preocupação genuína da criança para com o pai, me fez perceber que ainda podemos salvar esse mundo.
Hoje ver esse tipo de cena está cada vez mais raro. As crianças não gostam mas de serem vistas segurando as mãos do seus responsáveis, é pagação de mico. As crianças não usam mas calça comprida ou a camisa pra dentro, não é a moda. Eu ainda usei muito esse tipo de roupa, até grande ainda, quem lembra de mim na igreja pode testemunhar ao meu favor. Os valores de hoje mudaram, e estão mudando a uma velocidade exponencial, e isso é assustador.
Eu acho que não sou muito velho, tenho 22, mas eu vejo uma geração que tem valores completamente diferentes dos meus. Hoje ando na rua, e não vejo crianças brincando, poxa vida, como eu me diverti com meus amigos, reais, na rua de casa, com pião, bolinha, gemesson (não sei se é assim que escreve), todos os tipos de manjas, nossa, brinquei muito. E hoje? Eu lecionei ano passado pra uma turma de sexto ano, e as coisas que eu ouvia deles, foram coisas que eu só vim fazer depois dos 17, lembrando que a faixa etária dessas crianças é de 11 a 13 anos.
Hoje o mundo vive de uma pressa generalizada. Todo mundo tem pressa pra tudo, pra crescer, pra namorar, pra transar, pra parir, até pra morrer as pessoas estão com pressa. Isso é assustador. Hoje tenho dúvidas se devo algum dia ajudar a colocar algum outro ser humano no mundo. Não sei como deverei educa-lo, não sei se suportarei a ideia desse ser que tem um pedaço de mim viver num mundo tão caótico. As dúvidas são muitas, mas ainda bem, que diferente dessa geração, eu não tenho muita pressa. Tenho tempo de sobra pra decidir sobre a minha vida, e a vida de mais algumas pessoas.
Bom gente, desculpa aí o texto enorme, muito tempo sem postar dá nisso.

Espero muitos comentários e críticas. Abraços.

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